Tínhamos palavras por gastar. E ali, acabávamos tudo.
Acabavas conversas com palavras que outrora se escondiam atrás da tua vontade de continuar.
Ali os 5 graus não se sentiam, as pessoas não passavam, os carros não se ouviam.
Naquela noite, tudo o que senti foi a tua mão quente na minha fria. Tudo o que vi foi o vazio que deixaste com a falta da tua presença.
Falávamos calados. Dizíamos tudo o que não queríamos dizer, sem realmente falar, para não ouvir.
Eu, que sempre pensara ser forte, vi o meu Mundo cair vertiginosamente à minha frente.
Todo o meu ser se anulou perante a tua postura determinada e perante as tuas certezas tão diferentes das minhas.
Conseguia sentir as tuas palavras a abrirem caminhos na minha pele. Sem anestesia alguma, elas magoavam e apenas continuavam a entrar em mim sem que eu pudesse detê-las.
Sabia exactamente o que ias dizer, mesmo antes de ir ouvir-te.
Aquela foi apenas uma tortura á qual não quis poupar-me. Para tentar convencer-me que assim seria mais fácil.
Toda a cidade se apagou, quem me dera nunca ter ido.
Talvez o começo tenha sido um erro.
Agora as palavras já estão gastas.
Acabou, dizes tu. Acabou, eu sei.
Talvez acabando, comece um novo e desgastante fim.
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