quarta-feira, 9 de março de 2011

Em tempos

Em tempos eras tu que me trazias o tom vago das montanhas. Era assim que me envolvia no som rouco daquelas árvores que faziam dançar os corpos ao ritmo de uma dança qualquer.
Eram dias de Sol, momentos de puro êxtase.
Flutua-me, ainda hoje, na memória, a tua voz de menino rock star.
Eu amava-te assim, sem explicação aparente. Eu deduzia de cada frase tua um Mundo de conversas bem estruturadas que não chegámos a ter, no tempo das palavras caladas. Sonhava actos invisíveis e gestos que desenhavas no ar com as mãos.
Em tempos, eras tu que me levavas ao teu Mundo - o mais simples que alguma vez se criou. (...)
Hoje penso nestas coisas, apesar de estarem a quilómetros de distância...
Sei que outras pessoas preenchem já a tua vida, caminham contigo diariamente. Esses são os novos amigos, os que nunca pensei que fosses ter, os que já odeio mesmo antes de ver. São aqueles que te fazem feliz e que, contrariamente, me fazem lembrar que já não sou nada na tua vida.
Tudo desapareceu, os castelos que outrora construímos, os planos que desde sempre quisemos extraviaram-se e foram parar a lugar nenhum.
Eu continuo aqui, os sonhos que tive pararam na minha mente e não me deixam sentir saudades de mais ninguém.
Tu foste, a verdade é que não voltas.
Eu própria te fiz ir. Fui eu quem "arrumou todas as tuas coisas e ainda gritou: estás atrasado para a tua viagem sem regresso!"
Tinha esperança que voltasses mas a certeza que não o farias.

- as lágrimas cairam;

Sem comentários:

Enviar um comentário